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Projeto inspirado por ‘escritor mirim’ cria fábrica artesanal de livros em Campina Grande

Crianças escrevem, ilustram e criam os próprios livros. Após professora levar ideia para escola pública, aluno que não sabia ler, já se tornou escritor.

João Emanuel Medeiros começou a ler aos 5 anos. Mas foi no ano passado, aos 6, que ele desbravou o mundo lúdico da leitura, através de livros emprestados pela creche da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Depois de conhecer, quis criar novas histórias. Esse desejo incentivou outras crianças e inspirou até a professora, que levou a vontade do menino para os outros alunos dela.

Em fevereiro deste ano, a professora Irinete Lucena, de 44 anos, criou um projeto ainda sem nome, mas familiarizado por ela e pelos alunos como “criando minhas próprias histórias”. A ideia funciona como uma espécie de fábrica artesanal de livros. Crianças escrevem, ilustram e criam novos títulos como manda a criatividade de cada um.

Irinete se dedicou a levar o trabalho que já estava em andamento na escola da rede particular, onde João estuda, para a turma da rede pública de ensino onde a professora também dá aulas. O resultado foi além do que ela poderia prever. Os alunos apresentaram os livros durante uma mostra pedagógica para os pais, que ficaram encantados com tudo o que os filhos tinham para dizer e mostrar.

A professora vê o projeto como uma forma de “valorizar e incentivar a autonomia das crianças que podem se expressar da forma que desejam, dando asas à imaginação”. Ela disse, emocionada, que viu realidades sendo transformadas.

Talento que inspira

Segundo Irinete, a inspiração para o projeto surgiu através do talento de João Emanuel, que agora tem 7 anos, e não passou despercebido pelo olhar atento dela. O garoto recebeu o incentivo em casa, onde o hábito da leitura é construído e reconstruído diariamente. A mãe costuma ler obras que provoquem questionamentos no filho e o pai sempre o presentou com livros.

A mãe do menino, Élida Nascimento, cheia de orgulho do filho, contou que o gosto pela leitura surgiu no ano passado, quando ele era aluno da creche da UFCG. A instituição possui uma biblioteca infantil e disponibiliza o empréstimo de livros para as crianças. Em 2017 ele leu ou ouviu alguém ler para ele 110 títulos e neste ano já foram 98 obras que o garoto leu sozinho.

Já o amor pela escrita começou quando João foi à biblioteca da escola que começou a estudar, neste ano, e viu que uma sala do local homenageava a escritora Ruth Rocha, referência na autoria de livros infantis no Brasil. Depois dessa experiência, ele revelou para a mãe o surgimento de um novo amor: “Mamãe, eu tenho que ser um escritor. Imagina daqui a uns anos eu ter uma livraria ou biblioteca com meu nome”.

João contou que tem orgulho de ter incentivado os colegas.

A professora confirma a versão do aluno. Segundo ela, o trabalho que teve foi aproveitar e incentivar o interesse dos pequenos que agora dominam o mundo mágico da leitura e da produção de textos colocando as aventuras que antes eram vividas apenas na imaginação, no papel.

Sonho de escritor

O escritor mirim não titubeia ao dizer o que espera para o futuro. “A minha meta é escrever 100 livros”. O objetivo vai ser facilmente alcançado porque já existem mais de 50 títulos produzidos por ele, 10 deles já foram até vendidos para amigos e familiares. Para ele, escrever deixou de ser brincadeira de criança.

As obras de João são voltadas para o público infantil. Ele se preocupa, inclusive, com detalhes como a classificação etária dos textos que, geralmente, são direcionados para crianças de seis anos de idade.

Fonte: G1

Post Author: cidadela

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