A Lenda do Duende do Itapitocai
Ainda no século XIX uma pequena estância localizada no oeste do Rio Grande do Sul, próximo à cidade de Uruguaiana, vivenciava cenas aterrorizantes oriundas de uma história decorrida no ano de 1893, mais precisamente às vésperas de grandes batalhas da Revolução Federalista. Trata-se de uma sangrenta guerra civil, ocorrida na região sul do Brasil, entre 1893 e 1895, poucos anos após Proclamação da República.
Da guerra para o amor: Pedro Antonio de Alcalá
Na situação, um então mercenário e guerrilheiro espanhol chamado Pedro Antonio de Alcalá desembarcava em solo gaúcho para batalhar em tal revolução. Porém, nem tudo se limitou às batalhas: o mais tarde alcunhado como Duende do Itapitocai enamorou-se por Sílvia, a bela e jovem filha de um dos maiores fazendeiros das províncias e arredores. No desenrolar deste romance Sílvia engravidou, algo que desagradou em muito as famílias da região e, principalmente, os pais e irmãos da sua amada.
Na tentativa desenfreada em terminar com as possibilidades do romance avançar, Pedro Antônio, o Duende do Itapitocai, fora atracado em diversas emboscadas e avassaladoramente castigado com violência física pelos irmãos da mãe do seu futuro filho. Histórias de famílias da época contam que a violência era tamanha, tão feroz, que o Duende do Itapitocai faleceu passando muito frio e muita fome às margens do Arroio Itapitocai e suas matas, próximo à ponte do arroio Itapitocai, este é o local onde Pedro Antônio foi visto vivo pela última vez.
A temida ponte do Arroio Itapitocai em noite de Lua Cheia
Após o ocorrido, histórias contadas tanto por fazendeiros quanto por moradores dos vilarejos e arredores relatam cenas de terror sucedidas sobre tal ponte.
Então, histórias assustadoras começaram a se espalhar: em noite de lua cheia, todo e qualquer homem que cruzar a referida ponte a cavalo é brutalmente atacado pelo fantasma de Pedro Antônio de Alcalá, o Duende do Itapitocai, e assassinado com machadadas nas costas, na tentativa do forasteiro em vingar toda a crueldade com que foi tratado à época e afastado da sua amada Sílvia.
A lenda do Duende do Itapitocai é tida, nos contos históricos do Rio Grande do Sul, como uma das lendas mais aterrorizantes que se conhece.
Não sabe-se bem ao certo, misturando realidade e fantasia e por carregar muita brutalidade e um enorme sentimento de vingança, os ataques do Duende espalham dúvidas e medo, onde em noites de lua cheia a região prefere manter-se com resguardo e pacata, para evitar novamente a convocação da fúria do mercenário e guerrilheiro espanhol Pedro Antonio, o Duende do Itapitocai.